Talvez você ouça a notícia da boca de um policial:
- Sinto muito. Ele não sobreviveu ao acidente.
Talvez você ligue de volta para um amigo e recebe a notícia:
- O cirurgião trouxe más notícias.
Muitos cônjuges já ouviram essas palavras da boca de soldados com cara fechada:
- Lamentamos informar que...
Nesses momentos, a primavera vira inverno, o azul fica cinza, os pássaros ficam em silêncio e a sensação de frio causada pela dor instala-se. É fio no vale da sombra da morte.
O que mais você pode fazer? O túmulo instiga tal dor inexprimível e perguntas que não tem resposta. Somos tentados a dar meia-volta e ir embora. Mude o tema, evite o assunto. Esforce-se. Beba muito. Ocupe-se. Fiquei distante. Siga para longe e não olhe para trás.
Pagamos um preço alto quando agimos assim. Privação vem do termo privar. Consulte o termo privar no dicionário e você terá "tirar a força, saquear, roubar". A morte rouba você. O túmulo rouba momentos e lembranças ainda não compartilhados: aniversários, férias, passeios à toa, conversas durante o chá. Você fica desolado porque foi roubado.
Quando você pensa que o bicho-papão da dor se foi, ouve uma música que ela adorava ou sente o cheio da colônia que ele usava ou passa em frente a um restaurante onde vocês dois costumavam comer. O gigante continua aparecendo.
Expulse a dor do seu coração e, quando ela voltar, expulse-a novamente. Siga em frente, chore um rio de lágrimas.
Jesus chorou. Ao lado do túmulo de seu querido amigo, "Jesus chorou" (João 11:35). Por que ele faria tão coisa? Ele não sabe que a ressurreição de Lázaro está para acontecer?
A morte amputa um membro de sua vida. Por isso Jesus chorou. E, nas lágrimas de Jesus, encontramos permissão para derramar as nossas. E B. Meyer escreveu:
Jesus chorou. Pedro chorou. Os convertidos de Éfeso choraram sobre o apóstolo, cuja face nunca mais veriam. Cristo está ao lado de todo aquele que chora dizendo: "Chore, meu filho; chore, pois eu chorei". As lágrimas aliviam a cabeça quente, como um belo banho de chuva. As lágrimas descarregam a insuportável agonia do coração, assim como o transbordar diminui a pressão da enchente contra a barragem. As lágrimas são materiais com os quais o céu tece seu arco-íris mais brilhante.
Exploramos as questões mais profundas da vida na caverna da dor. Porque estou aqui? Para onde vou? Um giro pelo cemitério levanta questões difíceis, porém vitais.
Você está zangado com Deus? Diga isso a ele. Aborrecido com Deus? Deixe que ele saiba disso. Cansado de dizer às pessoas que você está bem quando não está? Diga a verdade.
Dê um tempo para si mesmo. Enfrente sua dor com lágrimas, tempo e - mais uma vez - enfrente sua dor com a verdade.
A última palavra sobre a morte é de Deus. E, se você prestar atenção, ele lhe dirá a verdade sobre seus entes queridos. Eles receberam alta do hospital chamado Terra. Você e eu ainda vagamos pelos corredores, sentimos o cheiro dos remédios e comemos vagem e gelatina servidas em bandejas de plástico. Eles, enquanto isso, desfrutam de piqueniques, respiram o ar da primavera e correm em meio às flores que chegam à altura do joelhos. Você sente uma saudade louca deles, mas é possível negar a verdade? Eles não tem dor, dúvida ou luta. Eles realmente estão mais felizes no céu.
Ao deixar seus filhos na escola, você chora como se nunca mais fosse vê-los? Ao deixar seu cônjuge no mercado para ir estacionar o carro, você dá um último adeus para sempre?
Não. Quando você diz: "Até logo", é isso que você quer dizer. Quando você está no cemitério olhando para a terra fofa que acabou de ser revirada e promete: "Até logo", você está falando a verdade. Só falta uma fração de momento eterno para a reunião acontecer.
Não é necessário que vocês "se entristeçam como os outros que não tem esperança" I Te 4:13.
Por isso, vá em frente, enfrente sua dor. Dê tempo para si mesmo. Permita-se derramar lágrimas. Deus entende. Ele conhece a dor de um túmulo. Ele enterrou um filho. Mas ele também conhece a alegria da ressurreição. E, pelo poder de Deus, você também conhecerá.
Livro Derrubando Golias de Max Lucado, capítulo 10