Por Philip Yancey
O “truque” da fé é
acreditar de antemão no que só fará
sentido no futuro.
Dando uma olhada numa pilha de revistas Time recentemente, fiquei impressionado em como diferente o mundo
está comparado com 30 anos atrás.
Naquele tempo a capa da revista trazia uma
reportagem sobre “A vinda da era do gelo”. Hoje lemos sobre aquecimento global
e devastadores tsunamis. O mapa mundial aparecia com uma larga faixa vermelha
indicando o crescimento do comunismo pela Indochina e Africa. Economistas
previam o fim da dominância dos EUA e uma potencia formada pelos EUA , Rússia,
China, Japão e Europa. De todos os continentes, a Africa é hoje a que oferece a
mais brilhante perspectiva de crescimento.
Em uma revista mais recente, agosto de 2001, li uma devastadora reportagem
sobre o caso de uma funcionária da Casa Branca com um membro do Congresso .
Procurei em vão pelas palavras Al Qaeda e Osama Bin Laden. De alguma maneira,
olhando em retrocesso, todos os eventos políticos na minha vida, incluindo a guerra contra o terrorismo e o fim da
guerra fria não foram previstos. Ao folhear essas revistas, tentei me lembrar
do sentimento daquela época, quando eu verdadeiramente temia uma guerra
nuclear, quando Saddam Hussein era um aliado Americano e o Líbano era o mais
perigoso país do Oriente Médio.
Exatamente hoje em dia, considerando a guerra no Iraque, a ascendência
da China, a proliferação nuclear do Irã e Coréia do Norte, percebemos que somos
incapazes de prever o rumo da história.
Enquanto refletia no nosso pobre registro de previsão de futuro, lembro
do fato da Bíblia oferecer tantos casos de espera. Abraão esperando seu único
filho. Israelitas esperando quatro séculos pelo livramento e Moisés quatro
décadas pelo chamado para liderá-los e mais quatro décadas pela Terra Prometida
que não chega a tomar posse. Davi esperando em cavernas pela sua coroação.
Profetas esperando o comprimento de suas “estranhas” profecias. Maria e José,
Ana, Simeão esperando como todos os judeus pelo Messias. Os discípulos
esperando impacientemente Jesus agir como o poderoso Messias que tanto
esperavam.
E até hoje esperamos. A ameaça nuclear da USSR nunca aconteceu assim
como USSR por si mesma. Hoje tememos as “bombas sujas” lançadas por
terroristas. Não mais tememos a era glacial, só se o gelo derreter. Um grande
terremoto no oceano Índico foi mais destrutivo do que o vírus SARS. Como todas
essas crises vão passar? Não sabemos.
As palavras finais de Jesus foram: “Virei em breve” seguida por Amém. Essa oração permanece sem resposta entre uma era da história que vai da sua primeira vinda a terra como bebê e sua segunda como descrito em Apocalipse.
Nos últimos dias, disse Pedro, alguns vão zombar do que foi profetizado:
“Cadê essa vinda prometida?. ” Pedro acreditava que o fim de tudo está próximo
e depois de dois milênios de espera esses zombadores são maioria.
Na época da segunda guerra mundial, americanos eram mantidos presos em
campos Alemães. Escondidos dos guardas, alguns deles construíram um pequeno
rádio e se mantinham atualizados sobre as notícias da guerra, antes mesmo das
informações chegarem ao ouvido dos alemães do seu acampamento. Num certo dia,
notícias sobre fim do domínio alemão e fim da guerra, chegaram ao ouvido desses
americanos.
Por três dias, os prisioneiros eram irreconhecíveis. Cantavam, brincavam
com os guardas, riam dos pastores alemães, contavam piadas durante as
refeições.
Quando acordaram no quarto dia, descobriram que todos os alemães tinham
fugido deixando as portas abertas. O tempo de espera tinha chagado ao fim.
E essa é a pergunta que me faço: Nós como cristãos que vivemos numa
sociedade em crise, porque vivemos com tanto medo e ansiedade? Porque nós, como
os prisioneiros, não agimos de acordo com as Boas Novas que dizemos que
acreditamos? O que é a fé, afinal de contas, senão crer de antemão no que só
fará sentido no futuro?