Direito do Rei

Há um tempo atrás fui levada a ler sobre os primeiros reis de Israel. São histórias que volta e meia volto a ler porque são muito atuais e ricas.

Você sabe como surgiu o primeiro rei de Israel? 
Lembre-se que antes disso, Deus era o rei. Era Ele quem guiava seu povo através dos profetas.
Só que em um belo dia, isso já não era mais suficiente.  Eles queriam um rei "humano".

Samuel era um profeta de Deus, homem íntegro, separado do mundo, filho de uma mulher chamada Ana que muito desejou ter um filho. Era estéril, até que engravidou e ele bem pequeno foi entregue ao templo para servir a Deus.

O tempo passou e Samuel ficou velho. Seus filhos foram constituídos juízes sobre o povo e infelizmente não foram honestos. Aceitaram suborno, foram avarentos. Recebiam dinheiro para julgar as causas em benefício de alguém. Situação bem atual.

O que aconteceu é que o povo vendo a atitude dos filhos de Samuel, clamou que ele constituísse um rei para os governar, pois não era possível contar com a ajuda dos filhos corruptos. O que será de nós com juízes assim?

"Dá-nos um rei, para que nos governe." I Sm 8:6
Teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações; o novo rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras.

Samuel ficou chateado e em seu momento de oração ouviu Deus dizer assim:
" Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele. Segundo todas as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até hoje, pois a mim me deixou, e a outros deuses serviu, assim também o faz a ti.
Agora, pois, atende à sua voz, porém adverte-o solenemente e explica-lhe qual será o direito do rei que houver de reinar sobre ele." I Sm 8:7

Para mim, esse dia foi um grande marco na vida do povo. O dia em que eles decidiram que  queriam um rei.  Queriam alguém que os governasse. Alguém que lutasse por eles.
Quem os governou até então? Quem ganhou suas batalhas?  Quem os livrou da escravidão?

Para mim... repito... para mim.. esse foi um dos maiores atos de ingratidão do povo contra Aquele que tantas coisas tinha feito.

Fico pensando que talvez não seja tão grave assim o povo querer um rei humano. Afinal de contas, as outras nações tinham reis. Qual o problema? O Rei que fica lá no céu não é suficiente. Queremos um humano, que podemos ver, lutar pos nós, servir...
Talvez a grande questão não seja o fato em si, mas o princípio por trás disso que esconde o desejo do coração do homem que é TÃO enganoso... Podemos ser os melhores com as palavras, mas o nosso coração Deus sonda. Não há pra onde fugir....


E sabe o que  Deus disse sobre o direito do rei sobre o povo?

"Este será o direito do rei que houver de reinar sobre nós:
  • ele tomará os vossos filhos e os empregará no serviço dos seus carros e como seus cavaleiros, para que corram adiante deles;
  • e os porá uns por capitães de mil e capitães de cinquenta;
  • outros para lavrarem os seus campos e ceifarem as suas messes;
  • e outros para fabricarem suas armas de guerra e o aparelhamento de seus carros.
  • Tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras.
  • Tomará o melhor das vossas lavouras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais e os dará aos seus servidores.
  • As vossas sementeiras e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais e aos seus servidores.
  • Também tomará os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores jovens, vossos jumentos e os empregará no seu trabalho.
  • Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe sereis por servos. Então, naquele dia, clamareis por causa do vosso rei que houverdes escolhido, mas o senhor não vos ouvirá naquele dia."
Se vocês olharem bem, diz aí, que mesmo sendo na época de uma monarquia, o princípio do rei se repete  hoje na democracia.
É inerente ao que governa retirar o melhor do povo para benefício próprio e dos seus.

É triste isso... As maiores riquezas de uma nação servem poucos. A riqueza de um mundo está na mão de quantos % da população? Esse é o princípio do rei.

Sua esperança está em um governo justo eleito pelo povo? Será que teremos uma exceção ao princípio do rei?

E a história continua.... e fico curiosa para ver a foto do primeiro rei, Saul, que era tão belo, que entre os filhos de Israel não havia outro mais belo do que ele; desde os ombros para cima. A bíblia diz assim mesmo, desde os ombros para cima.  O que o povo passou na mão dos seus reis é motivo de outro texto....

E a história continua ainda.... até o dia em que o Rei Jesus prometido por Deus para salvar seu povo é enviado à terra. Entende porque o título de rei?  Era o que o povo precisava e precisa. Um Rei Justo. Alguém que governe por amor e não por interesse. Consegue imaginar um rei governando hoje por amor? Imagina um presidente eleito no seu discurso de posse dizendo que vai governar por amor? Seria no mínimo alvo de muitas piadas.

Por que então Jesus não foi aceito? Por que tantos não acreditaram na mensagem? Por que morrer pregado numa cruz? Nos tempos de hoje seria como morte na cadeira elétrica ou injeção letal, talvez fuzilado, a pior morte da época, morte merecida pelo pior tipo de bandido. 

Imagina que Jesus nasceu num estábulo, no lugar onde eram servidas as comidas dos animais. Não tinha casa própria, andava a pé com seus discípulos e no máximo montava em um jumento. Quando foi ao templo e viu o comércio que estava sendo feito antes da páscoa, expulsou todos do templo com chicotadas. Consegue imaginar a cena?
Seu pai era um carpinteiro e não um rei. Sem contar que passou boa parte do seu tempo expulsando demônios das pessoas.

Será que eu acreditaria nesse messias? Ou esperaria um rei muito rico, poderoso, que morasse num castelo de ouro? Esse era o messias esperado. Alguém majestoso aos padrões HUMANOS. 

Resumindo. O reino de Jesus não está aqui na terra, não é humano. É um reino espiritual. É preciso ter fé e não herança, berço. Jesus nunca pretendeu vir e ser um grande governante aqui na terra. Ele é Rei de um governo onde bem aventurados são os que sofrem, os que choram, os que tem sede de justiça, os limpos de coração que verão a Deus. Reino dos humildes, dos rejeitados.
O reino dele não são daqueles que: bem aventurados os que acumulam muitas riquezas, os que pensam só em si, os que buscam o prazer acima de tudo  etc etc etc 

Entendem a diferença?

Não haverá outro rei como Jesus!

Meu amado Rei!

Vem governar nossas vidas!









Sermão do Monte


O trecho abaixo é parte de um livro muito bom que gostaria de indicar . Philip Yancey escreve sobre experiências que teve em dez países e na capa interna do livro escreve assim:

"Minhas aventuras jornalísticas se tornaram para mim uma forma de verificar a verdade daquilo que escrevo. Poderá o "Deus de toda Consolação" trazer realmente consolo a um lugar ferido como Mumbai ou ao campus de Virginia Tech? As cicatrizes do racismo no sul dos EUA, sem falar na Africa do Sul, serão curadas algum dia? Uma minoria cristã será capaz de provocar alguma fermentação num ambiente hostil como o da China ou do Oriente Médio? Faço-me essas perguntas todas as vezes que assumo uma tarefa desafiadora."
_____________

Os pobres, os prisioneiros, os cegos, os oprimidos - grupo mencionados no primeiro sermão de Jesus - são uma forte sugestão de seu estilo de ver o mundo de cabeça para baixo. Os pobres são realmente abençoados, diria ele nas bem-aventuranças, e também os mansos, os perseguidos e aqueles que choram. Para enfatizar esse ponto, muitas das histórias de Jesus apresentam a pessoa menos provável - um vira-lata, poderíamos dizer - como herói.

Jesus contou uma história sobre dois homens: um rico e bem-sucedido; o outro um mendigo coberto de chagas. Lázaro, o mendigo, se destaca como o óbvio herói; Jesus nem sequer atribui um nome ao homem rico. Em outra história, dois profissionais religiosos com conhecida ascendência ignoram a vítima de um crime; um herege mestiço, o bom samaritano, emerge como herói. Naquela que talvez seja sua mais famosa história, Jesus elogia não o irmão obediente, responsável e respeitador de seus pais, mas o rebelde e perdulário, o Filho Pródigo.

Não apenas as histórias de Jesus, mas também seus contatos pessoais apresentam esse modelo da inversão. E de fato analisei os evangelhos e fiz um gráfico informal dos contatos de Jesus. Com poucas exceções, quanto mais justa, consciente e até mesmo virtuosa for a pessoa, tanto mais Jesus a ameaça. Quanto mais imoral, irresponsável, excluída socialmente for ela - em outras palavras, menos parecida com ele mesmo - tanto mais Jesus atrai essa pessoa (o que acontece que os seguidores de Jesus geralmente fazem o contrário?). O dom gratuito da graça desce sobre quem a quiser receber, e as vezes aqueles que não tem a quem recorrer são os mais ansiosos por estender sua mão aberta.

Num exemplo claro, registrado em João 4, uma mulher não tem praticamente nada em comum com Jesus. Samaritana desprezada, habituada ao preconceito racial, ela se surpreende ao ver que um rabino judeu se digna dirigir-lhe a palavra, sem falar em beber de seu vaso "impuro". Os discípulos de Jesus parecem chocados quando o veem contrariar costumes culturais conversando com uma mulher desconhecida. Se alguém da aldeia estivesse vendo a cena, sem dúvida essa pessoa questionaria a prudência de Jesus conversando com essa mulher, pois logo fica evidente que ela tem um histórico de cinco casamentos fracassados e está morando com um homem que não é marido dela.

A mulher representa enormes diferenças em relação a Jesus: raciais, sociais, morais e religiosas. Na conversa que tiveram, Jesus passa por cima dessas diferenças. Ele desvia das observações diversivas dela sobre famosos ancestrais e sobre onde adorar, e em vez disso, ele se aprofunda na necessidade humana mais básica que ela compartilha com todos os outros: sede. Ele está falando tanto no sentido literal quanto no figurado, uma vez que cada compulsão sexual, cada vício no fundo se revela como um falso deus incapaz de satisfazer nossa mais profunda sede. Depois Jesus continua falando-lhe da água viva capaz de matar a sede.

Em todos os quatro evangelhos, somente aqui vemos Jesus apresentado-se a alguém como o Messias. É dessa mulher, cujo  histórico a desqualificaria para exercer a maioria das funções religiosas que conheço, que Jesus se utiliza como sua primeira missionária. Ele escolhe bem, pois muitos samaritanos se tornam seguidores de Jesus em consequência dessa mais improvável testemunha. "Este [homem] é verdadeiramente o  Salvador do mundo", eles logo exclamaram dirigindo-se à mulher. Graças a ela, eles também descobrem alguém que os vê como destinatários do amor transformador, e não do julgamento de Deus, e alguém que avalia não o que eles foram, mas o que poderiam ser.

Sem dúvida Jesus nos deu essas histórias e abraçou os rejeitados para anular o que ele sabia ser nossa tendência humana de classificar e dividir. Como o Sermão do Monte deixa claro, as pessoa que correm mais perigo são aquelas que julgam ter chegado, pois agindo assim elas perdem o benefício da graça. Somente os que têm consciência da sede procuram água viva.

Trecho do livro  "Para que serve Deus" de Philip Yancey