Uma segunda chance



“E veio a palavra do SENHOR segunda vez a Jonas, dizendo: Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive, e prega contra ela a mensagem que eu te digo.” Jonas 3:1 e 2


Jonas ouviu a voz de Deus com clareza, mas foi rebelde, desobediente. Se prontificou, porém para fugir da presença Dele. O que aconteceu então? Deus podia ter desistido de Jonas, encontrado uma pessoa melhor, podia ter escolhido outra maneira de cumprir seus propósitos, não é mesmo? Porém não é assim que Ele faz. Ele não é assim. Com Ele há sempre uma segunda chance, um novo chamado, Ele sempre nos dá escolhas, e trata conosco, nos resgata do nosso egoísmo, da nossa visão míope da vida e da nossa percepção tão medíocre de quem é o nosso Deus. Sabemos isso pela sua palavra, olhe para as pessoas que se encontraram com Jesus. Simples pescadores, transformados em apóstolos, Lázaro, a mulher adúltera, a mulher hemorrágica, o demonizado gadareno, a mulher samaritana, são tantos os casos que Jesus podia ter desistido, mas não foi assim. Eram pessoas muito complicadas, diferentes, doentes aos nossos olhos, desenganadas pela sociedade. Jesus acreditou neles, os acolheu, os confrontou, não para expor seus erros, porém os ensinou a olhar para quem podia ajudá-los. Estendeu seus braços, os perdoou, lhes deu uma segunda chance. Parece que o evangelho se encaixa mais as pessoas simples, que reconhecem que têm pouco valor, que enxergam sua própria doença, que se vêem injustas e pecadoras.

Como somos diferentes do Deus a quem dizemos servir. Somos rápidos para julgar e condenar, impiedosos, nossa intenção quase nunca é boa, liquidamos na primeira oportunidade, mesmo quando não temos conhecimento suficiente, sem ouvir todas as partes, sem saber as motivações, quase sempre somos parciais, extremamente severos e críticos com aqueles que não se parecem conosco, que não agem como nós, que não se amoldam ao grupo que pertencemos. Temos um ar superior, somos melhores, mais cultos, corretos, éticos, só nos falta agradecer a Deus por não sermos como nossos irmãos pecadores. A santidade exterior não revela jamais o que está oculto no coração. Muitas vezes cultivamos o hábito de conformar a nossa aparência, nossas ações e nossa linguagem de forma que possamos ser aceitos pelo grupo, valorizados, admirados e não questionados, correndo o sério risco de criar um enorme abismo entre quem somos de fato e aquilo que pensam que somos ou que parecemos. Assim vamos adoecendo, perdendo a paz, cultivando valores apenas exteriores, talvez sigamos religiosos, não muito melhores que sepulcros caiados.

Ao frequentarmos por um tempo um restaurante, um café ou algum outro lugar que gostamos e percebermos certa queda na qualidade dos produtos ou do atendimento, ficaremos um pouco tristes. Se depois ao retornar encontrarmos o lugar fechado, talvez queiramos saber o que aconteceu. Ou faliu porque não conseguiu recuperar seu padrão ou pode estar temporariamente fechado para reforma. Pode haver esperança. Pode haver reinauguração.
Parece que Deus sempre tem esperança conosco. Sempre está pronto a nos dar uma segunda chance. Mesmo nas maiores crises que enfrentamos, quando parece que vamos fechar as portas e desistir, Deus não desiste de nós. Quem sabe precisemos de uma pequena reforma. Consertar alguns fundamentos, reformar o modo de nos relacionarmos com nossos irmãos, vê-los com amor, com compreensão, com paciência, considerá-los superiores a nós, preferi-los em honra, pois não é possível dizer que amamos a Deus se não podemos amar nosso irmão. Assim como Deus nos vê com esperança vamos também apostar em nossos irmãos, esperar o tempo de reforma e nos alegrar na sua reinauguração.

Se somos filhos de Deus precisamos parecer mais com Ele, agir mais como Ele, ver as pessoas como Ele as vê. Parar de fazer as coisas só porque todo mundo faz assim, julgar menos, condenar menos, criticar menos. Amar, servir, apoiar, estender a mão, chorar junto, se compadecer, entender, aceitar e sempre que possível, dar uma segunda chance...

“Basta ao discípulo ser como seu mestre...”

Bruno Costa

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