Judas - Existem tantos entre nós



Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo. E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se”. Mt 27: 3 a 5

Quando falamos de Judas, logo nos lembramos da traição. Mas pouco pensamos nas motivações e características que o levaram a agir assim.

Judas foi escolhido por Jesus para ser seu discípulo. Viveu com o mestre por três intensos anos. Presenciou milagres extraordinários, os doentes eram curados, os cativos libertos, os famintos saciados. Caminhou com Jesus, ouviu suas palavras, viu sua compaixão. Foi enviado por Jesus, recebeu autoridade junto com os outros para curar enfermos e expulsar demônios. Era Apóstolo! Que privilégio, quanta honra!

Só de ler nos evangelhos as palavras de Jesus, nosso coração é tocado e a nossa esperança é restaurada. Como Judas não foi tratado pelo mestre? O que se passava na mente dele? O que lhe endurecia o coração a tal ponto de desviá-lo do caminho?

Talvez Judas fosse como aquele da parábola do semeador que se assemelhou a semente lançada sobre as pedras. “Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas creem por algum tempo, mas na hora da provação se desviam.” Lc 8:13.
Judas largou tudo para seguir a Jesus, mas tinha o coração duro, cheio de pedras, não deixou que o evangelho criasse raízes! Creu apenas por algum tempo...

Talvez Judas nunca tenha entendido a mensagem da cruz. Todos queriam um libertador, um rei que os tirasse do sofrimento, do jugo de Roma. Talvez ele tenha projetado suas expectativas em Jesus, esperou, torceu e agiu para que o Mestre conformasse o projeto dele ao seu. Mas o Leão veio como Cordeiro, veio para sofrer, para morrer. Ele se esvaziou, se fez pobre e deu sua vida por nós.

Por um lado a salvação não custa nada, por outro ela custa tudo.
Nada, pois absolutamente nada que possamos fazer, nenhuma boa ação ou atitude pode nos salvar. Ela foi dada de presente. É graça, recebida por fé! O maior tesouro possível, viver a vida com Deus ao seu lado e viver a eternidade com Deus após a morte.
Mas também custa tudo. Porque para ser salvo Jesus tem que se tornar Senhor da nossa vida. A salvação é uma consequência para aquele que recebe a Jesus como Senhor e tem seus pecados perdoados.
Fácil? Claro que não! Pois temos que renunciar a tudo, nossos sonhos, projetos e expectativas, tomar a nossa cruz, dia após dia e segui-lo.

Se é difícil para alguns, é impossível para outros. Foi impossível para Judas!
Existem muitos assim entre nós, não digo traidores, mas sim egoístas. Pessoas que não conseguem renunciar às suas vontades, que buscam a felicidade a qualquer preço. Inconsequentes, tentando sempre impor seus projetos, não conseguem fazer autocrítica e crescer nas adversidades. Não podem entender a mensagem da cruz. Eles estão na sociedade, alguns nas igrejas, quem sabe até pastores e apóstolos como Judas! Vasos para desonra, pedras de tropeço!

Sempre vamos encontrar estas pessoas em nosso caminho, é o joio no meio do trigo, mas podemos conviver com elas serenamente, assim como Jesus o fez. De alguma forma elas são parte do projeto de Deus para nossas vidas. A igreja é do Senhor, é a sua noiva. E ele usa todas as coisas como lhe apraz. Quanto a nós, vamos sempre nos lembrar de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Renunciar diariamente ao nosso eu, tomar a nossa cruz e viver os projetos Dele para nossas vidas. Viver cheios do Espírito Santo, frutificando em toda boa obra. E ao fim da nossa caminhada por aqui, viveremos gloriosamente com Ele na eternidade!



Bruno Costa

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